TRADIÇÃO: PAPA FRANCISCO É PRESENTEADO COM CONJUNTO DE PALMAS BARROCAS DE SABARÁ

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Nesta quarta-feira (13/9), o Papa Francisco foi presenteado com um conjunto de palmas barrocas, consideradas Patrimônio Histórico da cidade de Sabará. O presente foi dado pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que, em missão internacional na Itália, participou de audiência pública com o pontífice, na tradicional cerimônia realizada na cidade-estado do Vaticano. Além das palmas barrocas, o líder religioso também recebeu um café especial da região de Campos Altos.

Comumente, nas manhãs de quarta-feira, o Papa recebe autoridades e fiéis na Praça São Pedro, para uma celebração ao ar livre. O governador ressaltou a relevância da arte sacra mineira para o mundo, lembrando que a escolha da obra entregue ao Papa reforça como Minas preserva as tradições seculares do barroco, encantando turistas com as belezas conservadas das cidades históricas e o trabalho dos artistas, ainda hoje, inspirados pela tradição.

“Tive a satisfação de encontrar com o Papa, aqui no Vaticano, e considero um encontro extremamente emocionante, pois foi a primeira vez. Pedi a ele que reze por Minas e que abençoe nossa bandeira e os mais de 20 milhões de mineiros”, disse o governador. “Como presente, trouxe uma palma barroca, que é um artesanato produzido na cidade de Sabará e, também, um café, de Campos Altos, mostrando a ele que somos o maior produtor de café. Foi um encontro rápido, mas muito emocionante. E, a partir de agora, nós mineiros temos a bênção do Papa ao nosso lado”, acrescentou Romeu Zema.

Em conversa com o governador, o Papa ressaltou o instinto dos mineiros pela pacificação e a bravura de lutar por liberdade. “Uma vez, ouvi a história de que os mineiros lutam para não fazer a guerra, nunca. Mas, quando estão na guerra, lutam para poder terminá-la, porque não a querem”, disse o líder religioso.

“Somos assim. Lutamos por liberdade, assim como está escrito na nossa bandeira”, destacou o governador.

Palmas barrocas

A obra levada pelo governador Romeu Zema ao Vaticano é um par de palmas barrocas assinadas pelo artista George Helt, de 74 anos. Trazidas ao Brasil por Dom João VI, se tornando um item comum na ornamentação de celebrações católicas por todo o país desde o período colonial, as palmas barrocas são adornos tradicionalmente usados para enfeitar altares e oratórios, conhecidas por terem alto grau de manipulação do metal e do ouro para a produção de sofisticados detalhes entalhados nas peças. “Esse trabalho tinha a função de provocar admiração e espanto às pessoas nos espaços sagrados. Por isso, se tornaram tão importantes na cultura barroca”, justifica Helt.

Sabará, uma das cidades históricas inseridas no ciclo do ouro de Minas Gerais, desenvolveu uma tradição própria de confecção das palmas barrocas.

“Sabará foi a cidade que manteve essa cultura, principalmente as mulheres que se dedicaram de geração em geração a confeccionar as peças, muitas vezes produzidas com pano ou papel laminado, o que não garantia uma boa durabilidade. Por isso, desenvolvi um modo de fazer no metal, com banho de ouro”, diz o artista. Foi a partir desta constatação que, em 1998, o artista plástico liderou um processo formativo em Sabará para ensinar um novo modo de fazer das palmas barrocas, ostentadas por um vaso de pedra sabão e por adornos de folhas e flores em metal, folheados a ouro. Em 2012, após o sucesso do projeto, a Prefeitura Municipal de Sabará registrou o modo de fazer da palma barroca como patrimônio do município.

“Todo o processo é muito simbólico. A palma é cortada na folha de cobre, para dar o efeito de pétalas de rosas, e tudo é feito com ferramentas do século XVII, são os ferros que herdei da minha mãe, relíquias. É um processo similar ao do período colonial. Por isso, é uma emoção tão grande ver as palmas barrocas que criei, e hoje são feitas por mulheres muito talentosas de Sabará, chegando ao Vaticano, nas mãos do Papa. É uma honra”, diz Helt.

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