ACERVO: BENS CULTURAIS DA REGIONAL ROÇA GRANDE PASSAM A COMPOR O PATRIMÔNIO CULTURAL DE SABARÁ

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Neste ano, três bens culturais da Igreja Matriz de Santo Antônio (Igreja “Velha”), localizada no Bairro de Roça Grande, foram inventariados e passaram a integrar o Patrimônio Cultural de Sabará. São eles: a imagem de Nossa Senhora da Apresentação, a imagem de Santo Antônio de Pádua e a Pedra de Santo Antônio. Peças que, além de seu imenso valor artístico e histórico, contam fragmentos da história de Sabará. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, esses bens compõem o ICMS Cultural e se encontram na fase de execução da área 04 – Regional Roça Grande e Área Rural Correspondente, conforme cronograma do Inventário de Proteção do Acervo Cultural (IPAC), aprovado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG).

As peças

Nossa Senhora da Apresentação

Peça datada, possivelmente, do início a meados do século XVII, de autoria desconhecida. Conserva traços das imagens de origem portuguesa: “esculturas de caráter erudito, com expressões faciais suaves, policromia baseada em vermelho, azul e ouro. É feita em madeira esculpida, dourada, encarnada e policromada. Estofamento com técnica de esgrafiado e tracejado.

A imagem representa a apresentação no Templo que é revelada no Evangelho de Lucas 2, 22-40. “Quando o tempo necessário para a purificação chegou, Maria e José, de acordo com a lei de Moisés, trouxeram o menino a Jerusalém para dedicá-lo ao Senhor e para oferecer em sacrifício um par de rolas.”

Dependendo do tempo, a cena apresenta dois aspectos diferentes: Maria, por vezes, apresenta criança ao velho Simeão. Outras vezes, Simeão devolve a criança à sua mãe. No primeiro caso, a Virgem está de pé. No segundo, ela está ajoelhada. Embora não tenha o título de Sumo Sacerdote, Simeão veste a mitra ou tiara. Suas mãos são recobertas com o véu em sinal de respeito. Este rito oriental aparece no Batismo de Cristo, onde os anjos têm do mesmo modo as mãos veladas.

Assim como na cena da Natividade, a criança aparece de pé ou “deitada no altar” para significar que, desde o nascimento, ela é marcada com caráter próprio e predestinada ao sacrifício. Às vezes, a Virgem e Simeão a elevam acima do altar. No século XVII, alguns pintores alemães representam a pomba do Espírito Santo, acima da composição. 

A profetiza Ana, que possui o mesmo nome que a mãe de Samuel e da mãe da Virgem, auxilia o velho Simeão. Tomando as Tábuas da Lei, onde o texto da profecia se realiza, simbolizando a Sinagoga.

Santo Antônio de Pádua

Peça datada do século XVIII, com semblante com expressão suave, sem teatralidade. Imagem de vestir, em madeira, com trabalhos de escultura, carnação e policromia. Possui revestimento em couro junto às articulações dos ombros, cujos encaixes são do tipo macho-fêmea. O cordão, a barra do hábito e a lombada do livro dourados com tinta de purpurina. Menino Jesus em madeira esculpida, encarnada, com olho pintado em azul.

Conhecido como Santo Antônio de Pádua ou Santo Antônio de Lisboa, se trata do mais popular dos santos franciscanos, depois de São Francisco de Assis. Nascido no ano de 1195, em Lisboa, Portugal, com o nome de Fernando Martins de Bulhões e Taveira e Azevedo, entrou, ainda jovem, para o Mosteiro de São Vicente de Fora, da Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, continuando seus estudos em Coimbra, no Convento de Santa Cruz. Lá teve contato com a grande biblioteca do convento, estudando profundamente os textos dos grandes Doutores da Igreja. Em 1219, conheceu missionários franciscanos que passavam pelo convento e iam em direção ao Marrocos. Surgiu desse encontro o interesse pela Ordem Franciscana, que aumentou com a volta dos corpos martirizados dos frades ao convento. Pede, então, transferência para a Ordem de São Francisco e altera seu nome para Antônio. Segue para o Marrocos, mas uma tempestade o conduz a Sicília, indo em seguida para Assis, sede de sua Ordem. Na Itália, se notabilizou no combate às heresias, o que lhe deu o título de Martelo dos Hereges, além de ser nomeado pelo próprio Francisco como Mestre de Teologia da Ordem. Foi, ainda, responsável pela criação das primeiras escolas franciscanas destinadas à preparação de frades. Em 1224, é enviado à França para combater a heresia dos albigenses, onde fica até 1227. Retorna, então, à Itália, onde vive seus últimos anos de vida, falecendo a 13 de junho de 1231, a caminho de Pádua. No ano seguinte, foi reconhecido santo pela Bula Cum dicat Dominus, de Gregório IX, que estabeleceu o dia 13 de junho como data de sua festa. Este foi o mais rápido processo de canonização da Igreja.

Conhecido como o Santo dos Milagres, tem vários a ele atribuídos, tanto em vida, como após sua morte. Iconograficamente, é representado jovem, imberbe e com os cabelos em tonsura monacal. Veste hábito franciscano, marrom ou cinza, atado à cintura por cordão com três nós, que simbolizam os votos de pobreza, obediência e castidade da Ordem. O mais comum de seus atributos é o Menino Jesus, sentado sobre o livro. Esta representação se tornou bastante popular no período barroco, pós concílio de Trento (1563).

Pedra de Santo Antônio de Pádua

Segundo a tradição popular, santo Antônio apareceu sobre esta pedra no Arraial de Roça Grande, pela primeira vez, e foi visto por tropeiros que faziam o percurso Sabará / Santa Luzia. 

A pedra foi transferida para a capela em 1940, tendo ficado sob o altar até 1994, de onde foi removida, após as reformas da igreja, para ficar exposta eternamente aos devotos.

Doada por Antônio Celso Ferreira em 13/06/1994.

Inventários de Bens Culturais

Os inventários são instrumentos de preservação que buscam identificar as diversas manifestações culturais e bens de interesse de preservação, de natureza imaterial e material. O principal objetivo da iniciativa é compor um banco de dados que possibilite a valorização e salvaguarda, planejamento e pesquisa, conhecimento de potencialidades e educação patrimonial.

ICMS Patrimônio Cultural

O ICMS Patrimônio Cultural é um programa de incentivo à preservação do patrimônio cultural do estado. Ele funciona por meio de repasse dos recursos aos municípios que preservam seu patrimônio e suas referências culturais, por meio de políticas públicas relevantes. O programa estimula as ações de salvaguarda dos bens protegidos pelos municípios por meio do fortalecimento dos setores responsáveis pelo patrimônio das cidades e de seus respectivos conselhos em uma ação conjunta com as comunidades locais.

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